Pesquisar neste blogue

Mostrar mensagens com a etiqueta Fernando Calado. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Fernando Calado. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 1 de julho de 2025

Guiné 61/74 - P26971: Humor de caserna (202): Dormir nu por causa do clima à noite e ter sonho "manga di bom": aerograma datado de Bambadinca, 1 de dezembro de 1969, dirigido à sua amada pelo nosso saudoso Fernando Calado (1945-2025)




Lisboa > Casa do Alentejo > 26 de Maio de 2007 > Fernando Calado (1945-2025) e Rosa Calado: um grande amor para a vida. 

Foto (e legenda): © Luís Graça (2007). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Lisboa > Casa do Alentejo > 26 de outubro de 2013  > Ismael Augusto (em segundo plano) e Fernando Calado: dois amigos para a vida. Partilharam o mesmo quarto em Bambadinca (1968/70).


Foto (e legenda): © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]-




Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Bambadinca > Comando e CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) >  c. setembro / outubro de  1969 >  A equipa de futebol de oficiais de Bambadinca que acabara de jogar contra uma equipa de sargentos.

Na fotografia aparecem, na segunda fila, da esquerda para a direita: de pé, o alf mil Beja Santos (cmdt do Pel Caç Nat 52, 1968/70), o alf mil médico, David Payne Pereira (já falecido em data anterior a 2006;  era um conhecido psiquiatra, deve ter ido em outubro/novembro de 1969 para o HM 241, em Bissau; ´s substituído em novembro pelo Joaquim Vidal Saraiva, cirurgião), o major Cunha Ribeiro (1926,-2023),  comandante do BCAÇ 2852 ()chegiou a Bambdinaca em setembro de 1969), o cap inf Carlos Alberto Machado de Brito (hoje cor ref, vive em Braga), comandante da CCAÇ 12, e ainda o alf mil at int Abel Maria Rodrigues, também da CCAÇ 12.

Na primeira fila, da esquerda para a direita, um militar que ainda está por identificar, seguido de três alf mil, José António G. Rodrigues, da CCAÇ 12 (já falecido), o António Carlão, também da CCAÇ 12 (já falecido) e o Ismael Augusto (CCS). O Fernando Calado, alf mil trms, também fazia parte desta equipa mas fracturou um braço, não aparecendo por isso na foto de grupo (que é  do álbum do cor inf Cunha Ribeiro).

Foto: © João Pedro Cunha Ribeiro (2023). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. A propósito da canícula destes dias de finais de junho (em que no passado domingo, ao início da tarde, se atingiu, em Mora, um novo e preocupante recorde de temperatura para este mês, no nosso país, 46,6° C,  valor próximo do máximo histórico absoluto registado em 2003, na Amareleja, 47,3º C), fui recuperar um aerograma do nosso saudoso Fernando Calado (Ferreira do Alentejo, 1945 - Lisboa, 2025), escrita para a sua namorada de então (e futura esposa e mãe dos seus dois  filhos, a Rosa Calado).  O aerograma é datada de Bambadinca, 1 de dezembro de 1969. 

O documento, já publicado em tempos no nosso blogue (*), merece ser recuperado e reproduzido. Por diversos motivos:

 (i) é uma belíssima carta de amor;

 (ii) tem apontamentos sobre o nosso quotidiano na Guiné;

 (iii) confirma o que todos nós experimentámos: o território tinha então (e continua a ter) um clima tropical húmido, caracterizado por temperaturas elevadas durante todo o ano e uma humidade relativa do ar extremamente alta, suscetível de causar desidratação e esgotamento, dificuldades respiratórias, problemas de pele, problemas de sono, doenças tropicais, stress físico e psicológico, etc., problemas agravados pela guerra e a atividade operacional, o isolamento, a saudade, a par do elevado consumo de álcool, procura de sexo e outros comportamentos aditivos como o jogo.

Tomando hoje Bissau como ponto de referência, pode dizer.se que a estação das chuvas  é opressiva e de céu encoberto; a estação seca é húmida, com céu parcialmente encoberto; ao longo do ano,  o clima é sempre quente e húmido: em geral a temperatura varia de 19 °C a 35 °C e raramente é inferior a 17 °C ou superior a 38 °C. Dezembro e janeiro são meses mais frescos á noite.

Dormir nu à noite era normal, podendo todavia originar algumas situações pícaras como a que  aqui é descrita (**)... No quartel de Bambadinca, que até tinha razoáveis instalações para  oficiais sargentos, os oficiais milicianos dormiam em quartos com três camas. Quartos individuais eram um privilégio de capitães e oficiais superiores.

 O Fernando Calado (ex-alf mil trms, CCS/BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70) partilhava o quarto com o Ismael Augusto (ex-alf mil manutenção), já que o João Rocha, ex-alf mil rec inf  [João Alfredo Teixeira da Rocha (Ilha de Moçambique, 1944 - Porto, 2018)] cedo deixou a companhia e o batalhão, por motivos disciplinares.

Inserir este aerograma na série "Humor de caserna" é também uma forma de homenagear um camarada e amigo como o Fernando Calado  de quem o Hernani Figueiredo disse recentemente (em mensagem de domingo, 29/06/2025, 17:26):
 
(...) "Encontrámo-nos no BC 5, em Campolide, antes da mobilização de ambos para a Guiné, ele no BCAÇ 2852 e eu no BCAÇ 2851.

"Desde há alguns anos que falávamos telefonicamente, especialmente na época natalícia. Partiu um bom homem, cidadão e amigo.

"Um eterno descanso em paz. Hernani Figueiredo." (...)

Como a maioria dos militares mobilizados para as guerras de África, o Fernando "escrevia o aerograma à (sua) namorada" (...)," quase diariamente, ao princípio da noite". Este foi um dos aerogramas que, em vida, quis partilhar connosco (*).


 Aerograma de Fernando Calado > Bambadinca, 1 de Dezembro de 1969

Meu amor:

Esta manhã, acordei sobressaltado, e reparei que estavam no quarto 2 bajudas (mulheres jovens da Guiné) que nos traziam a roupa lavada e que riam à gargalhada.

Estava nu, de barriga e outras coisas para cima e transpirado como sempre.

Olhei para o camarada do lado que estava tão aflito como eu, e, à boa maneira europeia, tentei cobrir-me com um lençol que não tinha.

Perguntei então às bajudas porque se riam, tendo elas respondido o seguinte: 

− Afero, sonho manga di bom hoje mesmo.

Para além do embaraço, pensei depois que afinal eu, um homem dito civilizado, tive uma postura naturalmente preconceituosa enquanto que elas, mulheres ditas primárias, tiveram uma postura naturalmente genuína, tendo expressado com rigor o que se tinha passado e rido com gosto a propósito de uma situação bastante caricata.

Passei a manhã a tratar da organização das transmissões de vários grupos operacionais escalados para operações e mais uma vez os comandantes de pelotão disseram-me que os rádios são uma merda e que, por vezes, não funcionam em situações de emergência.

Eu bem sei que me disseram sempre que os rádios são os mesmos da II Guerra Mundial mas, mesmo assim, custa-me anos de vida quando não se consegue fazer o contacto para evacuação de feridos.

Sinto assim, apesar dos meus 24 anos, que tenho uma responsabilidade excessiva e não me resta outra alternativa senão tentar ser o mais eficiente possível.

Antes do almoço, depois do segundo banho do dia, dirigi-me ao bar onde saboreei descontraidamente o meu whisky com água Perrier.

Gosto particularmente deste momento do dia. Diz-se aqui, que na Guiné existem apenas 2 coisas boas: o whisky com água Perrier e o avião para a Metrópole.

Chegou depois o meu colega de quarto 
[alf mil Ismael Augusto ] e a propósito de qualquer coisa que já não me recordo, ocorreu uma discussão de tal ordem que quase andámos ao murro.

Foi uma vergonha e fomos até ameaçados de ser castigados. São horas, dias, semanas, meses, anos a aturar-nos, sempre em tensão e dentro deste espaço ladeado por arame farpado.

Na verdade, penso que as discussões, a batota, os copos, o calor, os ataques, as emboscadas, etc. criaram uma cumplicidade tal, que tudo indica que seremos amigos do peito para toda a vida

Como se isso não bastasse, durante o almoço o médico 
[alf mil  Joaquim Vidal Saraiva  ]   veio comunicar-me que mais de metade dos soldados da companhia estavam infectados com blenorragia (designação apropriada do termo de calão muito conhecido que dá pelo nome de esquentamento e que se reporta a uma infecção nos órgãos genitais).

Segundo ele, a penicilina não está a actuar em virtude do calor excessivo e da elevada taxa de humidade e, portanto, é necessário organizar uma reunião de esclarecimento com todos os soldados disponíveis.

Soube depois que o pedido a mim dirigido resultava,  afinal, do facto do meu pelotão ter a maior taxa de elementos infectados.
 [O pelotão de transmissões da CCS tinha 1 alferes, 3 sargentos, 9 cabos e 8 soldados].

Durante a tarde algumas pessoas conseguem dormir a folga, coisa que nunca consegui e ainda menos com este calor e esta humidade.

Eu, como todos os dias que não saio do aquartelamento, cumpri algumas tarefas burocráticas que a tropa, mesmo em guerra, não dispensa.

Mais tarde vagueei, uma vez mais, dum lado para o outro sempre com a sensação de estar encurralado, na ânsia de conseguir gastar o tempo que me falta para me livrar disto.

Por vezes ocorrem, no final do dia, momentos de alguma descontracção. Conversamos sobre a nossa vida na Metrópole e damos umas voltinhas de jipe.

Não tenho carta de condução, mas conduzo. Recebi umas lições do meu colega de quarto e desenrasco-me. De qualquer modo ninguém, nesta situação, está interessado em saber se tenho ou não carta de condução.

Já anoiteceu e partir de agora e até pegar no sono, o que acontecerá lá para as tantas da manhã, instala-se o medo e a saudade.

Eu, que sempre gostei da noite, juro-te que aqui odeio a noite. Estamos todos fartos de fumar, de beber e de jogar, mas a verdade é que estas actividades aliviam, de facto, o medo e a saudade.

Hoje é feriado [1º de Dezembro, dia da Restauração da Independência de Portugal, ] e a probabilidade de haver problemas aumenta. A malta está mais concentrada, fala mais baixinho. [No dia 28 de Maio de 1969, Bambadinca tinha sido atacada em força.]

A questão do medo é surpreendente. Há camaradas que parecem não ter medo nenhum. É como se estivessem em casa ou numa esplanada e, mesmo debaixo de fogo, funcionam normalmente.

Depois, talvez a maioria, tem imenso medo, mas mercê de um enorme esforço consegue controlar a situação (julgo que me enquadro neste grupo).

Finalmente há camaradas, alguns deles aparentemente corajosos, que em quase todas as situações, entram em pânico total e que precisam sempre de ajuda. São obviamente os que sofrem mais, quer durante a situação, quer sobretudo pela vergonha que sentem depois.

Tenho saudades de tudo na metrópole: das pessoas, das ruas, dos jornais, da rádio, dos carros e até dos comboios que aqui não existem.

Quanto a ti, meu amor… Acredita, nunca imaginei que a saudade que sinto de ti me provocasse tamanha dor física. Dói-me a cabeça, dói-me as pernas, dói-me o peito… enfim dói-me tudo.

Sei que estou desesperado, mas não resisto a dizer-te que dava anos da minha vida, se é que os vou ter, para estar neste momento contigo.

São 8 horas da noite e a temperatura nesta altura é um pouco mais amena. Se calhar esta noite vou ter de pôr um lençol na cama, não vou transpirar a dormir, e… talvez tenha um sonho manga di bom.

Do teu para sempre

Fernando


[Revisão / fixação de texto para efeitos de edição no blogue; negritos e parênteses retos; título: LG]

______________

Notas do editor LG:

(*) Vd. poste de 30 de setembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20191: (De) Caras (112): O aerograma de 1 de dezembro de 1969: "Meu amor, se calhar esta noite vou ter de pôr um lençol na cama, não vou transpirar a dormir, e… talvez tenha um sonho manga di bom"... (Fernando Calado, ex-alf mil trms, CCS/ BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70)

sexta-feira, 27 de junho de 2025

Guinér 61/74 - P26961: In Memoriam (554): Algumas "histórias pícaras" do regresso a casa (Fernando Calado, ex-alf mil trms, CCS/BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70) (Ferreira do Alentejo, 1945 - Lisboa, 2025)


T/T Carvalho Araújo > Viagem de regresso Bissau - Lisboa > BCAÇ 2852 >Estuário do Tejo >  Ponte Salazar e Monumento de Cristo Rei > Chegada a 26 de junho de 1970.

Fotos: © Otacílio Luz Henriques (2013). Todos os direitos reservados. (Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)




Documento da passagem â disponibilidade, passado em 19 de julho de 1970, pelo cmdt do RI 2, Abrantes. (Cortesia de Fernando Calado.)



T/T Carvalho AraújoO T/T : propriedade da Empresa Onsulana de Navegação. Tinha lotação para 354 passageiros. Foi abatido em 1973. Imagem extraída do sítio "Navios porugueses", que deixou de estare dispponível "on line". Estava alojada no Sapo.pt.




Fernando Calado (Ferreira do Alentejo, 1945 - Lisboa, 2025), 
ex-alf mil trms, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70)


1.  O T/T Carvalho Araújo levou, no rgresso a Lisboa,  9 dias a fazer uma viagem que levaria cinco dias (em condições normais). Segundo o comandante em exercício da CCS/BCAÇ 2852, o alf mil trms Fernando Calado, o navio esteve parado em alto mar mais um dia, por causa de um tufão.

Recorde-se que o BCAC 2852 terminou a sua comissão, no Sector L1 (Bambadinca), região de Bafatá, Zona Leste   em finais de maio de 1970. Nos dias  29 e 31 de maio [de 1970] chegaram as forças do BART 2917, que vieram render o BCAÇ 2852,  começando-se assim a sobreposição. Durante esse período, as novas companhias de quadrícula [CART 2714, Mansambo; CART 2715, Xime; e CART 2716, Xitole] ficatram a conhecer as suas zonas de ação.

O BCAÇ 2852 tinha chegado a Bissau, quase dois anos antes, em 29 de julho de 1968.

Em 8 de junho de 1970, o BCAÇ 2852 deixou o Setor L1, indo para Bissau, viajando em LDG a partir diooXime, e aguardando entáo embarque para a Metrópole. O regresso a Lisboa, no velhinho  T/T Carvalho Araújo,inicou-se em 16 de junho de 1970. Aliás, não foi o batalhão, foi o comando e a CCS do batalhão, m
ais a CCAÇ 2404, do mesmo Batalhão (passou por Mansambo, fez algumas operações em conjunto com a CCAÇ 12).

O navio ficou um dia no Funchal, o que permitiu que alguns militares, em grupo, alugassem  táxis e fossem dar uma voltinha pela ilha. Foi o caso do Otacílio Luz Henriques, o "capinhas", que tirou "slides" de algums sítios madeireenses.

Acrescente-se que o Fernando Calado, foi nomeado comandante da CCS/BCAÇ 2852 (e não propriamente das tropas embarcadas), face à escusa do tenente SGE (Serviços Gerais do Exército), o nosso conhecido, açoriano, Manuel Antunes Pinheiro, o chefe de secretaria do comando do BCAÇ 2852. 

Explicação dada pelo Fernando Calado: não havia mais  oficiais do comando e CCS do batalhão (por o gen Spínola lhes ter posto um "par de patins"...).
 

2. Em pequena homenagem ao amigo e camarada "bambadinquense" que acaba de se despedir da "Terra da Alegria (`), vamos aqui recuperar e reproduzir livremente algumas peripécias que ele nos contou dessa viagem (**).
 


O  regresso a casa, do pessoal do BCAÇ 2852, no velhinho T/T Carvalho Araújo


(i) O Fernando Calado, no dia da partida do T/T Carvalho Araújo, esteve muito atarefado com as diligências e as burocracias do embarque, pelo que nem sequer tivera tempo de almoçar a bordo. 

O capitão do navio, pronto a partir, deu-lhe autorização para "em vinte minutos, meia hora, no máximo" ir ao “Pelicano”, ali ao lado, na marginal, comer qualquer coisa... Ainda se lembrava do prato que escolhera e de que gostava muito, "um bife de gazela com batatas fritas" (!)...

(ii) A caminho de Lisboa, o navio fez uma paragem no Funchal... Houve aproveitasse fora fazer turismo... Outros foram provar a poncha...Dois camaradas ficaram em terra a curtir uma “cardina”… 

No regresso, feita a recontagem do pessoal embarcado, faltavam dois militares… Seriam reencontrados a dormitar numa esplanada…(Não sabemos se eram da CCS/BCAÇ 2852 ou da CCAÇ 2404; também não sabemos se, sendo da CCS,  apanharam uma "porrada", mas  é pouco crível que o comandante, no final da comissão, lhe tenha estragado a vida.)

(iii) Outra peripécia: o Fernando Calado lembra-se ainda que teve de “acalmar” vários militares da CCS que vieram com blenorragias (“esquentamentos”), mal curadas... 

Alguns eram casados, um inclusive tinha-se casado por procuração (!)… O drama era saber o que é que iriam dizer às esposas que os esperavam...

Alguns, mais desesperados, batiam com os punhos na cabeça: “Mas porque é que não eu fiquei em Bissau?!”... 

O Fernando lá arranjou uma solução diplomática mas salomónica: quando chegassem a casa, os “entrapados” contavam a verdade, pura, dura e crua: ficavam à espera que a penicilina acabasse por surtir efeito… e que a "patroa" os perdoasse...

 Em suma, não era caso para se atirarem ao mar, infestado de tubarões... E, felizmente, havia já a "bala mágica", como a malta chamava à penicilina...E,. depois, as Marias também sabiam que "a carne era fraca"...

(v) Enfim, ele tinha prometido, no regresso a Lisboa, passar ao papel estas e outras memórias dessa algo rocambolesca e pícara viagem que, em vez de cinco, demoraria nove dias (de 16 a 25 de junho de 1970)... Por causa do tufão e da paragem técnica no  Funchal. Em boa verdade, até deu jeito aos "entrapados": tiveram quatro dias extra para ver acontecer o milagre da "bala mágica"...


Aqui fica um primeiro resumo. Infelizmente, o  resto fica para contar, pelo Fernando Calado, na nossa próxima tertúlia celestial...(Ainda não consergui falar com ninguém que tenha lá estado ou por lá passado, mas imagino que 0 sítio não deve ser nenhum hotel de cinco estrelas...)

(Seleção, revisão / fixação de texto, título: LG)

_____________________

Notas do editor LG:

(*) Vd. postes de:

27 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26960: In Memoriam (553): O Fernando Calado (1945 - 2025) que eu conheci e com quem convivi na Casa do Alentejo (José Saúde, Beja)

27 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26959: In Memoriam (552): Fernando de Carvalho Taco Calado (Ferreira do Alentejo, 1945 - Lisboa, 2025), ex-alf mil trms, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968-1970): foi gestor de recursos humanos e docente universitário

(**) Vd. poste de 25 de julho de 2020 > Guiné 61/74 - P21196: Os nossos regressos (36): Comando e CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70): foi há 50 anos, no T/T Carvalho Araújo, com algumas pequenas peripécias... (Fernando Calado)

Guiné 61/74 - P26960: In Memoriam (553): O Fernando Calado (1945 - 2025) que eu conheci e com quem convivi na Casa do Alentejo (José Saúde, Beja)




Fernando Calado (1945 - 2025). Foto: LG (2013)



Lisboa > Casa do Alentejo > 8 de fevereiro de 2020 > Lançamento do livro do José Saúde, "Um ranger na guerra colonial: Guiné-Bissau, 1973-1974: Memórias de Gabu" (Lisboa, Colibri, 2019, 220 pp.)


Aspeto inicial (e parcial) da assistência: na fila da frente, da metade direita do salão: da esquerda para a direita, reconheço o Fernando Calado (1945-2025) (assinalado com retânmgulo a amarelo),  a esposa do maj gen Raul Luís Cunha, a Alice Carneiro, a esposa do Manuel Joaquim... e claro, o Manuel Joaquim, que tem pena de não ser alentejano.. A seu lado, um dos genros do Zé Saúde.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2020). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Texto acabado de enviar pelo José Saúde (escritor, vive em Beja, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, CCS/BART 6523, Nova Lamego, 1973/74):

Data - sexta, 27 de junho de 2025, 10:34  
Assunto - O Fernando Calado que eu conheci 


Camaradas e amigos,

As nossas vidas, ou seja, a nossa intemporal existência ao cimo deste planeta chamado Terra, são precisamente efémeras. Mas, ao longo das nossas presenças humanas, cruzámos azimutes que nos enviaram para a presença factual na guerrilha da Guiné. 

Uns antes, outros depois. Todavia, restou uma amizade que ousou reforçar laços de companheirismo e de proximidade. Não importou, nem tão-pouco importa, o tempo que por lá andámos pisando terrenos em que o momento seguinte era de uma pura incerteza.
 
Conheci o Fernando Calado, bem como a sua esposa Rosa Calado, um casal que me atrevo apontá-lo como cinco estrelas, e que me proporcionaram momentos inolvidáveis. Ambos são gentes humildes e oriundas do meu Alentejo, concretamente vizinhos de Ferreira do Alentejo. Aqui nasceram, sendo que mais tarde se radicaram em Lisboa.

O Fernando sempre marcou presença nos vários livros que lancei na Casa do Alentejo, em Lisboa, onde a sua esposa, Rosa Calado, dirigente, se apresentou, e sempre, disponível, para me receber. Foram tardes de plenas cavaqueiras, tardes infindáveis onde o público se encantou com o cante alentejano e dos grupos musicais que elevaram as nossas vozes aos píncaros do seu melodioso cantar.

E se é verdade que a vida é, tão-só, uma pequena gota de orvalho que desfalece num abrir e fechar de olhos, não deixa também de se apresentar como um mar de prazeres enquanto por cá andamos. 

Fernando, camarada e amigo, sei que os teus últimos instantes de vida foram marcados pelo sofrimento, resististe, terás negado o bilhete para tal viagem sem regresso, mas, ela, a morte, fez-te uma “emboscada” e levou-te deste planeta terrestre.

Até logo, Fernando. Descansa em paz. A Rosa, o teu doce amor, ficará a rezar por ti e eu espero reencontrar-te no reino do além.

Adeus, Zé Saúde
_______________

Guiné 61/74 - P26959: In Memoriam (552): Fernando de Carvalho Taco Calado (Ferreira do Alentejo, 1945 - Lisboa, 2025), ex-alf mil trms, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968-1970): foi gestor de recursos humanos e docente universitário





Lisboa > Casa do Alentejo > 26 de outubro de 2013 > Sessão de lançamento do livro do José Saúde, "Guiné-Bissau, as minhas memórias de Gabu, 1973/74" (Beja: CCA - Cooperativa Editorial Alentejana, 170 pp. + c. 50 fotos) > Dois alentejanos e camaradas do nosso blogue, amigos do peito, o Fernando Calado (de camisola vermelha) e o Ismael Augusto. (Ambos foram alf mil da CCS/BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70). E ambos partilharam o mesmo quarto...Um terceiro elemento era o João Rocha (1944-2018).


Foto (e legendas): © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]-




Lisboa > Casa do Alentejo > 26 de Maio de 2007 > Encontro do pessoal de Bambadinca 1968/71 > A organização coube ao Fernando Calado (na foto, à esquerda), coadjuvado pelo Ismael Augusto, ambos da CCS/BCAÇ 2852 (1968/71).


O grupo (mais de 60 convivas) teve na dra. Rosa Calado (na foto, ao centro), elemento da direcção da Casa do Alentejo, uma simpatiquíssima anfitriã. O editor do blogue e fotógrafo, à direita, chegou tarde, mas ainda a tempo de constatar que a organização esteve impecável e o que o sítio não podia ser melhor, em pleno coração de Lisboa. O fotógrafo de circunstância foi o Ismael. A Rosa, na altura, era professora de história no ensino secundário. O casal vivia em Lisboa. Durante anos e anos dedicou-se de alma e coração à animação da Casa do Alentejo (um amor que também era partilhado pelo Fernando, de resto um bom executante do cante alentejano que, em 2007, estava longe  do palco do mundo).

Foto (e legenda): © Luís Graça (2007). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Lisboa > Casa do Alentejo> 8 de fevereiro de 2020 > Apresentação do livro do José Saúde, "Um ranger na guerra colonial: Guiné-Bissau, 1973-1974: Memórias de Gabu" (Lisboa, Colibri, 2019, 220 pp.)... Em primeior plano, a Rosa Calado. que foi sempre, para nós, antigos combabentes, uma inexcedível e magnànima anfitriã.

 dra. Rosa Calado, então  diretora cultural da Casa do Alentejo,  eu chamava-lhe por graça "a ministra da cultura do Alentejo"...    (A  Casa do Alentejo tinha, nesa altura,  um restaurante e uma taberna com cerca de 500 lugares; dava trabalho a 40 pessoas; e  organizava eventos: tinha a agenda cheia até maio de 2020; infelizmente, veio a pandemia.)



Lisboa > Casa do Alentejo> 8 de fevereiro de 2020 > Apresentação do livro do José Saúde, "Um ranger na guerra colonial: Guiné-Bissau, 1973-1974: Memórias de Gabu" (Lisboa, Colibri, 2019, 220 pp.)

Da esquerda para a direita: Fernando Calado (que pertencia então aos corpos sociais da Casa do Alentejo) mais o Humberto Reis, dois camaradas de Bambadinca: alf mil trms (CCS/ BCAÇ 2852, 1968/70), e fur mil op esp / ranger, CCAÇ 12 (1969/71)...


Fotos (e legendas: © Luís Graça (2020). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné




Esposende > Fão > 1994 > A primeira vez que a malta de Bambadinca (1968/71), camaradas da CCAÇ 12, e outras subunidades, como o Pel Caç Nat 52, adidas ao comando do BCAÇ 2852, se encontrou depois do regresso a casa... Este primeiro encontro foi organizado pelo António Carlão (Mirandela, 1947- Esposende, 2018)

Mostra-se aqui um pormenor da foto de grupo. Na primeira fila, da esquerda para a direita:

(i) fur mil MAR Joaquim Moreira Gomes, da CCAÇ 12 [, vivia no Porto, na altura ];

(ii) sold cond auto Dinis Giblot Dalot [empresário, vivia em Aljubarrota, Prazeres].

Na segunda fila de pé, da esquerda para a direita:

(iii) Fernando [Carvalho Taco] Calado (1945-2025), ex-alf mil trms, CCS/BCAÇ 2852 [vivi em Lisboa];

(iv) ex-alf mil manutenção material, Ismael Quitério Augusto, CCS/BCAÇ 2852 [ vive em Lisboa];

(v) ex-fur mil at inf António Eugénio Silva Levezinho [, Tony para os amigos, reformado da Petrogal, vive em Martingal, Sagres, Vila do Bispo];

(vi) ex-capitão inf Carlos Alberto Machado Brito, cmdt da CCAÇ 2590/CCAÇ 12 [cor inf ref, vivia em Braga, tendo passado pela GNR];

(vii) Pinto dos Santos, já falecido, ex-furriel mil de Operações e Informações, CCS / BCAÇ 2852, [vivia em Resende].


Foto (e legenda): © Fernando Calado (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Montemor-O-Novo > Ameira > Hotel da Ameira > I Encontro Nacional da Tabanca Grande > 14 de Outubro de 2006 > Um momento de fraternidade, pensa (e sente) o "alfero Cabral", o nosso sempre querido Jorge Cabral (1943-2021), em primeiro plano, tendo à sua direita o nosso baladeiro de Bambadinca (1969/71), e hoje fadista amador, o Zé Luís Vacas de Carvalho, comandante do Pel Rec Daimler 2206. 

De pé, afinando as gargantas ou cantando ao desafio, outras duas grandes aves canoras: o Fernando Calado e o Manuel Lema Santos, o exército e a marinha de braço dado... O fotógrafo que estava de serviço apanhou o flagrante, era o David Guimarães, radiante, felicíssimo...

Foto: © David Guimarães (2005). Todos os direitos reservados.Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Bissau > 30 de julho de 1968 > CCS/ BCAÇ 2852 (1968/70) > Um grupo de oficiais milicianos, na Av da República (vendo-se ao fundo a Praça do Império e o Palácio do Governador), no dia seguinte ao desembarque (29 de julho de 1968).  Da esquerrda para a direita, o João Rocha (1944-2018), de camisola escura,  o Fernando Calado  (1945-2025) em 4.º lugar  e o Ismael Augusto em 5º.



Guiné > Bissau > Brá > 1968 > CCS/BCVAÇ 2852 (1968/70) >  Encostados ao jipe do comandante [ten cor inf Manuel Maria Pimentel Bastos, de alcunhas o "Pimbas"]: da esquerda para a direita, o João Rocha (194~4-2018)  e o Fernando Calado (1945-2025).

Fotos (e legendas): © Fernando Calado (2018). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá _ Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > O alf mil trms Fernando Calado(1945-2025) , de braço ao peito, junto à parede, crivada de estilhaços de granada de morteiro, das instalações do comando, messe e dormitórios de oficiais e sargentos, na sequência do ataque de 28 de maio de 1969.

Esta era a parte exterior dos quartos dos oficiais que dava para as valas, o arame farpado e a bolanha, nas traseiras do edifício do comando... Era uma parte mais exposta, uma vez que o ataque partiu do lado da pista de aviação.

Pelo menos aqui, caíram duas morteiradas:

(i) uma das morteiradas atingiu o quarto onde dormia, com outros camaradas, o fur mil amanuense José Carlos Lopes; tinha acabado de sair; ainda hoje conserva um lençol crivado de estilhaços;  e4stá vivo por uma fração de segundos (bancário reformado do BNU, vive em Linda a Velha e é membro da nossa Tabanca Grande.);

(ii) outra morteirada atingiu o quarto onde dormia o Fernando Calado e o Ismael Augusto ( o Fernando ainda apanhou o efeito de sopro, tendo sido menos lesto que o Ismael, a sair logo que rebentou a "trovoada")

Também podia ter "lerpado", como a gente dizia na época... Apesar de tudo, a sorte (ou a má pontaria dos artilheiros da força atacante, estimada em 100 homens, o que equivalente a 3 bigrupos) protegeu os nossos camaradas da CCS/BCAÇ 2852 e subunidades adidas (entre elas, o Pel Caç Nat 63 cujos soldados, guineenses, dormiam a essa hora, com as suas "bajudas", nas duas tabancas de Bambadinca, e que portanto estavam fora do arame farpado)...

Na foto acima , o Fernando Calado, membro da nossa Tabanca Grande (tal como o Ismael Augusto), trazia o braço ao peito, não por se ter ferido no ataque mas sim por o ter partido antes, num desafio de... futebol. Infelizmente temos poucas fotos dos efeitos (de resto, pouco visíveis) deste ataque.

Foto: © Fernando Calado (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Fernando Calado (em 2013)


1. Foi ontem cremado, no cemitério de Carnaxide, o corpo do nosso camarada e grão-tabanqueiro Fernando Calado. Morreu no passado dia 24, sem completar os 80 anos (ia fazê-los em 9 setembro).

A triste otícia chegou-nos â Lourinhã, transmitida pelo Humberto Reis e pelo Mário Beja Santos, seus contemporâneros de Bambadinca.

O Humberto e o António F. Marques, ex-fur mil da CCAÇ 12 (Bambadinca, mai 69/mar 71) e o Ismael Augusto, seu amigo do peito, representaram-nos a todos na sua despedida da Terra da Alegria.

O Fernando era muito estimado pela malta de Bambadinca desse tempo. Costumava aparecer, tal como o Ismael, nos nossos encontros anuais. A este último, em Ponte de Lima, faltou, embora inscrito: o coração pregou-lhe uma partida, esteve em estado de coma. Na quarta feira passado, chegou o seu dia. Deixa viúva a Rosa, e órfãos dois filhos, a Elsa e o Fernando bem como um neto, o Daniel.

Recordo-o, desde Bambadinca,  como um homem afável e discreto, que adorava o seu Alentejo, o cante alentejano, a tertúlia, o convívio com os amigos.

Natural de Ferreira do Alentejo, vivia em Lisboa há muito; era casado com a dra. Rosa Calado, professora do ensino secundário, que integrou sucessivas direções da Casa do Alentejo, exercendo, com muita competência e empenhamento, o pelouro da cultura

O Fernando era um histórico do nosso blogue, tendo participado no nosso I Encontro Nacional, na Ameira, Montemor-O-Novo (em 2006)... Tem 26 referências no nosso blogue. Foi alf mil trms, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70); trabalhou na Petrogal e na RTP; foi docente universitário; tinha página no Facebook

Para Rosa, filhos e neto vai a nossa solidariedade na dor. A memória do Fernando, essa, continua connosco, guardada e cultivada à sombra do poilão da Tabanca Grande.

(Seleção, revisão / fixação de texto: LG)

________________

Nota do editor: 

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Guiné 61/74 - P26467: Efemérides (450): 6 de fevereiro de 1969, o desastre do Cheche: quando os relatos de futebol eram dados em direto, e efusivamente, e a guerra em diferido, resumida a telegráficas notas oficiosas








Diário de Lisboa, 8 de fevereiro de 1969, p. 1




Citação:
(1969), "Diário de Lisboa", nº 16573, Ano 48, Sábado, 8 de Fevereiro de 1969, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_7148 (2019-2-6)


Fonte: Instituição: Fundação Mário Soares | Pasta: 06597.135.23237 | Título: Diário de Lisboa | Número: 16573 | Ano: 48 | Data: Sábado, 8 de Fevereiro de 1969 | Directores: Director: António Ruella Ramos | Edição: 2ª edição | Observações: Inclui supl. "Diário de Lisboa Magazine". | Fundo: DRR - Documentos Ruella Ramos | Tipo Documental: Imprensa.

(Com a devida vénia...)


1. A notícia chegou tarde às redações dos jornais. O "Diário de Lisboa", que era vespertino,  e do "reviralho" (não-situacionista,  conotado com a "oposiçáo democrática"), deu-a em título de caixa alta só na 2ª edição, dia 8 de fevereiro de 1969,  que era um sábado. Fez ainda uma 3ª edição.

De qualquer modo, o jornal limitava-se a transcrecever a notícia dada pela agência oficiosa L [Lusitânia], com proveniência de Bissau e com data de 8 de fevereiro... As autoridades da província (leia-se: o general Spínola) levaram dois dias a recolher e a tratar a informação...

Omite-se, por certo intencionalmente, e alegadamente por razões de segurança militar, os seguintes elementos factuais:

(i) o "acidente" ocorreu na manhã de 5ª feira, dia 6 de fevereiro de 1969, faz hoje 56 anos (*);

(ii) no  final da Op Mabecos Bravios, ou na seja, na sequência da retirada do aquartelamento de Madina do Boé e do destacamento de Cheche..

2. Os portugueses  de hoje não sabem, por um lado felizmente,  o que era isso, mas  os jornais (o "Diário de Lisboa" e os outros) eram "visados pela censura": havia uns senhores todo poderosos, em geral militares, coronéis do exército ou equivalentes,  que tinham um "lápis azul", e que passavam a pente fino, previamente (ou seja, antes da publicação), todas as notícias que saiam na imprensa escrita

A grande maioria dos portugueses na época, e nomeadamente os da nossa geração, nascera já no Estado Novo, o regime de Salazar (e depois Caetano),  pelo que não sabia o que era a  liberdade de imprensa, escrita e falada... 

A guerra ao longo de 13 anos foi dada na imprensa escrita  só através de "comunicados das Forças Armadas" (em geral, com a telegráfica e fria notícia dos mortos) " ou "notas oficiosas" do Governo. Raros eram os jornalistas que iam ver "in loco" e falar com os combatentes.

O título de caixa alta,  "Desastre na Guiné", da responsabilidade do editor do jornal, era suscetível de causar alarme e consternação, nomeadamente entre as famílias dos militares que estavam então no CTIG: 47 mortos (militares, em rigor 46 militares e 1 civil guineense) era o balanço do "trágico acidente".

Acrescenta  a "nota oficiosa": "O Governo da Província lamenta profundamente este trágico acidente que causou a perda de tão elevado número de vítimas de generosos militares que aqui se batem no cumprimento do seu sagrado dever para com a Pátria"...

Acrescente-se, todavia, que estávamos em plena "Primavera Marcelista", o Mário Soares tinha acabado de regressar há 3 meses da sua deportação na Ilha de São Tomé, e havia a ilusão, no seio  de alguma opinião pública mais esclarecida, que desta vez o regime se iria "autorreformar"... Sabemos bem que as mudanças foram apenas de cosméstica: a censura passou a chamar-se "exame prévio", a PIDE "deu lugar" à DGS, a União Nacional foi rebatizada Ação Nacional Popular", e a Cilinha, do Movimento Nacional Popular, deixou de ter acesso privilegiado ao palácio  de São Bento...

Nessa altura, eu estava em Castelo Branco, no BC 6, a dar instrução militar, como 1º cabo miliciano, e em véspera de ser mobilizado para a Guiné (que era o "terror" para qualquer mancebo naquele tempo). 

A  notícia deste "desastre" mexeu comigo... A notícia da minha mobilização chega a 27 desse mês...Na noite seguinte, às 3h41 ocorre o violento sismo de magnitude 8 na escala de Richter (o maior depois de 1755), com epicentro no mar, a sudoeste do cabo de S. Vicente, na planície da Ferradura, se fez sentir em Portugal, Espanha e Marrocos. Eu nessa noite dormia o "sono dos justos", depois de ter dado de beber à dor da notícia da minha mobilização... Não dei conta de nada, da barafunda provocada pelo tremor de terra na caserna: caíram objetos, desprendeu-se mobiliário, terá havido gritos e alvoroço, mas ninguém ficou  ferido...

Voltando à notícia da agência oficiosa Lusitânia:  houve logo a preocupação, pelo menos, por parte do "governo da província da Guiné", de dar o número exato de mortos e desaparecidos (não se faz a distinção, fala-se em "vítimas") e listar os seus nomes.

O balanço era, de facto, trágico: na lista das 47 vítimas, por afogamento (parte das quais nunca chegarão a ser encontradas), constavam: 

(i) 2 furriéis milicianos; 

(ii) 7 primeiros cabos; 

e (iii) 38 soldados (na realidade, um dos nomes era de um civil). 

Mas os termos da notícia eram lacónicos, secos, quase telegráficos, como  de resto era habitual nos comunicados oficiais ou oficiosos em assuntos "melindrosos" como este (que podiam afetar o moral das tropas, ou até pôr em perigo a ordem pública e sobretudo a tranquilidade  e a paz de espírito dos portugueses, daquém e dalém-mar):

(...) "Na passagem do rio Corubal, na estrada para Nova Lamego, afundou-se a jangada que transportava uma força militar, havendo a lamentar, em consequência deste acidente, a morte, por afogamento, de 47 militares". (...)


E a notícia ficou por ali: não se voltou a falar do "trágico acidente", nas edições seguintes, nem muito menos o jornal se podia dar ao luxo de, por sua conta e risco, mandar à Guiné uma equipa de reportagem para aprofundar o assunto... Voltou-se à rotina da atualidade nacional e internacional, e os nossos valorosos camaradas que estavam na Guiné lá continuaram a "aguentar o barco" por mais cinco dolorosos  anos...

Para não dar azo, entretanto,  a perigosas  especulações, o ministro do Exército nomeou (e mandou de imediato para o CTIG) o cor cav Fernando Cavaleiro, um militar prestigiado,  o "herói da ilha do Como" (1964), infelizmente já falecido,  a fim de instruir localmente o processo de averiguações. 

Não sabemos quanto tempo levou a instrução do processo, mas temos um resumo das conclusões preliminares do cor cav Fernando Cavaleiro, publicado no jornal "Província de Angola", em data desconhecida, conforme recorte que nos foi enviado pelo nosso camarada José Teixeira, e que já aqui publicámos em poste de 25 de julho de 2015 (**).

Cinquenta anos depois, ainda não tivemos acesso ao relatório original (nem sabemos se existe cópia no Arquivo Histórico-Militar), mas tudo indica que há nele erros factuais graves, permitindo tirar conclusões enviesadas que acabam por escmotear, ignorar ou branquear a responsabilidade do 2º comandante da operação, que  terá ultrapassado o oficial de segurança, o alf mil Diniz.

Hoje sabemos que, na última e trágica viagem, em vez de 2 pelotões, a jangada levou o dobro, contrariamente às regras estabelecidas pelo alf mil Diniz... Mas este era o "elo mais fraco" da cadeia hierárquica e acabou por ser ele o "bode expiatório" de toda esta história que ainda continua mal contada... Julgado em Tribunal Militar, seria ilibado.

3. Hoje evocamos os 56 anos deste trágico evento, por iniciativa do nosso camarada Virgílio Teixeira (*)... E muita água ainda há-de ainda passar sob as pontes do rio Corubal até que se saiba a verdade ou toda a verdade (se é que algum dia se chegará a saber...), sobre esta tragédia que ensombrou o primeiro ano do consulado do Spínola e provocou grande comoção entre os combatentes no CTIG.

Ainda continua  por realizar o prometido encontro, há anos,  do nosso editor Luís Graça com o ex-alf mil José Luís Dumas Diniz (da CART 2338), responsável pela segurança da jangada que fazia a travessia do rio Corubal, em Cheche, aquando da retirada de Madina do Boé.

Uma peça fundamental para eventual encontro será ou seria o ex-alf mil trms, Fernando Calado, da CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70), membro da nossa Tabanca Grande, e meu contemporâneo da Guiné (estivemos juntos, em Bambadinca, entre julho de 1969 e maio de 1970). Foi o Fernando Calado que me pôs em contacto com o José Luís Dumas Diniz. Já falámos ao telefone. 

 Dificuldades de agenda, de parte a parte, ainda não nos permitiram fazer o encontro a três. Nem sei se nos chegaremos ainda a  encontrar,  com a idade e as mazelas que já todos temos. Mas seria bom que o nosso camarada ex-alf José Luís Dumas Diniz escrevesse (ou ditasse para o gravador) a sua versão dos acontecimentos na sua qualidade de oficial de segurança da Op Mabecos Bravios. Se calhar já o fez, em tribunal, depoimento a que não temos acesso.
___________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 6 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26466: Efemérides (449): Aos 47 mortos da Op Mabecos Bravios (Cheche, 6 de fevereiro de 1969): a minha homenagem (Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, BCAÇ 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69)

segunda-feira, 10 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24216: In Memoriam (475): Coronel de Infantaria Reformado, Ângelo Augusto da Cunha Ribeiro (1926-2023), ex-Major Inf, 2.º Comandante do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70)

IN MEMORIAM

Coronel Inf Ref Ângelo Augusto da Cunha Ribeiro (26/07/1926 - 22/03/2023)
ex- Major Inf, 2.º Comandante do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70)

********************

1. Mensagem de João Pedro Cunha Ribeiro, filho do Coronel Ângelo Cunha Ribeiro, enviada a Mário Beja Santos em 23 de Março de 2023:

Estimado Dr Beja Santos
Não queria deixar de lhe comunicar a triste notícia do falecimento do meu pai, ocorrida ontem, em casa e rodeado pela família. Foi uma morte muito serena, com todo conforto possível e julgamos que sem qualquer sofrimento.

Cordial abraço
João Pedro Cunha Ribeiro


********************

2. Mensagem de resposta de Mário Beja Santos:

Meu estimado João Pedro,

Recebi a sua dolorosa notícia na ilha de Santo Antão, eram férias desejadas há décadas. Pode imaginar o choque que senti, telefonávamos regularmente, o seu Pai e eu, ele ria-se muito de eu o tratar sempre por comandante, era o mais sincero dos meus tratamentos, dada a dignidade de quem o recebia e a gratíssima memória de uma convivência com um segundo comandante do BCAÇ 2852, chegou em momento de grande tensão a Bambadinca, aqui se sinistrou gravemente, no estrito cumprimento do dever.

Poderia contar-lhe dezenas de peripécias que passei ao lado do seu Pai, a mais sentida, como creio que já lhe contei, foi o desvelo com que num dos momentos mais dramáticos da minha vida, depois da explosão de uma mina anticarro, num lugar denomiando Canturé, no regulado do Cuor, ele pôs em marcha o auxílio a um contingente altamente afetado, entrei na messe de oficiais a meio de uma refeição, foi ele que se pôs de pé e deu instruções a médico e a operacionais, mandou recolher todas as sobras e meter dentro de pães para levar aos sinistrados.

Isto define um caráter, um sentido de estender a mão ao Outro, seu camarada de armas.

Ficámos sempre em boa relação, jamais poderei esquecer tão nobre figura, e o previlégio que senti em estar presente no dia dos seus 90 anos, na companhia da família e dos amigos mais estreitos.

Eu peço-lhe a gentileza de dirigir aos seus irmãos os meus sinceros pêsamos, faço questão que lhes diga que perdi um referente, alguém que muito me ensinou a fazer-me homem naquele meio e naquele tempo em que convivíamos com todos os riscos, todas as faltas e uma profunda solidão.


Curvo-me respeitosamente pela sua memória, que me acompanhará até ao fim dos meus dias.

Receba um abraço e a elevada consideração a um filho tão admirável, como o João Pedro foi,
Mário Beja Santos

Esposende > Fão > Convívio do pessoal de Bambadinca (1968/71) > 1994 > Mário Beja Santos (ex-comandante do Pel Caç Nat 52) com o Coronel Ângelo Augusto da Cunha Ribeiro, que foi segundo comandante do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) a partir de Setembro de 1969, altura em que substitui o major Viriato Amílcar Pires da Silva, transferido por motivos disciplinares. Era afectuosamente conhecido, entre as NT, como "o major eléctrico"... Foi ele que deu o nome de guerra, Tigre de Missirá, ao Beja Santos.
I Encontro de BCAÇ 2852 realizado em Fão, onde estamos nós, o Ismael, o Vacas, o Carlão (suponho que era o dono do restaurante) entre outros e, em primeiro plano, os Majores Cunha Ribeiro e o Capitão Brito.

Foto e legenda: © Fernando Calado
Amena cavaqueira depois de uns bifinhos com pimenta e um bom Douro
O coronel Cunha Ribeiro e os seus três filhos, não esconde a emoção pelo dia grande

OBS: - Vd. poste de 13 DE SETEMBRO DE 2016 > Guiné 63/74 - P16483: Efemérides (235): Nos 90 anos do "Major Elétrico", 2.º Comandante do BCAÇ 2852, festejados no passado dia 30 de Julho de 2016 (Mário Beja Santos)

Dois instantâneos do, então, Major Cunha Ribeiro, em Bambadinca
© Fotos do nosso camarada Jaime Machado

********************

Comentário do editor:

Porque só hoje soubemos do falecimento do senhor Coronel Ângelo Cunha Ribeiro, só agora podemos manifestar à família, do senhor Coronel, o nosso pesar pela perda do seu ente querido.
Ao camarada Mário Beja Santos, o nosso abraço solidário porque sabemos que mantinha contacto regular com o seu antigo 2.º Comandante, a quem, carinhosamente, continuava a tratar por Major.
____________

Nota do editor

Último poste da série de 9 DE MARÇO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24174: In Memoriam (474): Domingos Miranda (1947 - 2023), ex-fur mil op esp, CCAÇ 2549, comandada pelo cap inf Vasco Lourenço (Cuntima e Farim, 1969/71)... Funeral, hoje, dia 29/3/2023, pelas 16h00, em Torres Vedras (Eduardo Estrela)

sábado, 22 de janeiro de 2022

Guiné 61/74 - P22931: Companhias e outras subunidades sem representantes na Tabanca Grande (2): CART 2338, "Os Incansáveis" (Fá Mandinga, Nova Lamego, Canjadude, Cheche, Buruntuma, Pirada e Paiunca, 1968/1969)



CART 2338, "Os Incansáveis"  (Fá Mandinga, Nova Lamego, Canjadude, Cheche, Buruntuma, Pirada e Paiunca, 1968/1969)


 1. Contrariamente à sua "irmã-gémea", a CART 2339 (Fá Mandinga e Mansambo, 1968/69),  a que pertenceram saudosos camaradas e amigos nossos, como o Carlos Marques dos Santos e Torcato Mendonça, dois históricos do nosso blogue, a CART 2338 (Fá Mandinga, Nova Lamego, Canjadude, Cheche, Buruntuma, Pirada e Paunca, 1968/1969) não tem ninguém que aqui a represente condignamente.  

Tem escassas 14 referências no nosso blogue (, contrariamente à CART 2339, que tem 213) mas não tem nenhum representante registado. 

O único nome que temos é do ex-alf mil  José Luís Dumas Diniz, responsável pela segurança da coluna da retirada de Madina do Boé, a fatídica coluna que teve o trágico acidente, na travessia de jangada, no Rio Corubal, em Cheche, em 6 de fevereiro de 1969 (Op Mabecos Bravios).  

Falei um vez com ele ao telefone e convidei-o para integrar a Tabanca Grande.  Cheguei até ele através do seu ex-colega de trabalho, amigo e contemporâneo, o ex-alf mil trms, Fernando Calado, da CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70), membro da nossa Tabanca Grande, e também meu contemporâneo da Guiné (estivemos juntos, em Bambadinca, entre julho de 1969 e maio de 1970). 

Foi o Fernando Calado que me falou dele e me pôs em contacto com ele, José Luís Dumas Diniz. É uma peça-chave para a história do desastre de Cheche. Já correram rios de tinta sobre este trágico acidente,  mas mas ainda nos falta, em primeira mão, o depoimento deste ator-chave, o nosso camarada da CART 2338 que era responsável pela segurança da jangada... Ele vive entre Cascais e Coruche, se bem percebi... Mostrou-se disponível para dar a sua versão, a publicar no blogue.

O Diniz foi julgado, creio, em tribunal militar, e foi absolvido... O próprio Spínola terá sido uma das testemunhas de defesa... Era preciso um "bode expiatório", o elo mais fraco da cadeia hierárquica...

Prometemos que um dia destes, eu, ele e o Fernando Calado, iríamos  até à Casa do Alentejo para pôr a conversa em dia... Dificuldades de agenda, de parte a parte, não nos permitiram  realizar esse encontro, dificuldades eesas que se agravaram com a história da pandemia de Covid-19. Mas o assunto não está esquecido, mesmo que já se tenham passado mais de meio século sobre os aconteciment0s (, 53 anos, em 6 de fevereiro de 2022).


Companhia de Artilharia n.º 2338

Identificação: CArt 2338

Unidade: Mob: RAL 3 - Évora

Cmdt: Cap Mil Art João Carlos Palma Marques Alvesn | Cap Art Manuel João de Azevedo Paulo

Divisa: "Os Incansáveis"

Partida: Embarque em 14Jan68; desembarque em 21Jan68 | Regresso: Embarque em 04Dez69

Síntese da Actividade Operacional

Em 24Jan68, seguiu para o aquartelamento de Fá Mandinga, a fim de efectuar instrução de adaptação operacional, na região de Xitole, de 06 a 13Fev68 e seguidamente tomar parte na actividade do BArt 1904, tendo actuado em diversas acções e operações nas regiões de Galo Corubal, Enxalé, Mato Cão, Ganguiró e Dongal Siai, entre outras.

Em 13Abr68, foi colocada em Nova Lamego, a fim de substituir a CArt 1742 na função de intervenção e reserva do sector do BCaç 2835 e cumulativamente do Agr 2957.

De 12Jul68 a 26Mar69, estabeleceu a sua base operacional em Canjadude, com um pelotão destacado em Ché-Ché (desde 04Ju168 até à sua evacuação em 10Fev69, na operação "Mabecos Bravios"), tendo actuado em diversas acções e operações, patrulhamentos e escoltas realizadas nas regiões de Canjadude, Ché-Ché, Galo Corubal e Satecuta, entre outras.

Em 20Abr69, por saída da CCaç 1790, assumiu, cumulativamente, a responsabilidade do subsector de Nova Lamego.

Em 22Mai69, foi substituída pela CCaç 2317, tendo seguido por escalões, em 11 e 22Mai69, para Buruntuma, a fim de efectuar a sobreposição e rendição da CArt 1742; em 29Mai69, assumiu a responsabilidade do respectivo subsector de Buruntuma, com um pelotão destacado em Camajabá-Ponte do Rio Caium, ficando integrada no dispositivo e manobra do BArt 2857.

De 19 a 310ut69, por troca, por escalões com a CCaç 2401, foi transferida para o subsector de Pirada, com um pelotão destacado cm Paúnca, voltando à dependência do BCaç 2835 e integrando-se no seu dispositivo e manobra.

Em 01Dez69, foi rendida no subsector de Pirada pela CCaç 2617 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.

Observações > Tem História da Unidade (Caixa n.º 82 - 2ª Div/4ª Sec, do AHM).

Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas das Unidades: Tomo II - Guiné - 1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002, pág. 458.
___________